"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

5.4.11

Divulgação científica e o puritanismo de linguagem

Neste blog eu tenho a pretensão de fazer um pouco de divulgação científica, tentando informar e despertar curiosidade sobre temas atuais ou apenas divertidos em ciência e tecnologia. por vezes contar histórias, angustias, impressões e dicas a cerca deste mundo que pode parecer muito distante de nós, porém que nos rodeia tão de perto. Sem o desenvolvimento da ciência neste último século você nem estaria lendo este post no seu computador pessoal.

Nestas últimas semanas passei um bom tempo sozinha, devorei um livro sobre divulgação científica e história da ciência: A Dança do Universo do astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser. O livro é excelente faz um apanhado muito amplo sobre a evolução do pensamento científico, desde a grécia antiga, dos filósofos pré-socrasticos até a visão sobre o modelo de universo aceito atualmente. Por se tratar de um livro de divulgação científica ele não apresenta nenhuma equação em seu texto, e não comete nenhum erro grotesco com a física atual. As primeiras páginas são cansativas e o autor parece um pouco prolixo, mas com a continuidade da leitura ela fica mais interessante e convidativa. Procurando resenhas sobre o livro encontrei dois artigos que fazem uma análise detalhada sobre os "erros" ou "equívocos"  cometidos pelo autor. (física clássica, física moderna) Achei a análise dos artigos impecáveis, e confesso que alguns dos "enganos" passaram desapercebidos por mim. Ler estes artigos me fez repensar qual papel da divulgação científica. Acho que a divulgação não tem a pretensão da formação científica, quando um cientista ou um jornalista científico se propõe a falar sobre ciência não tem a esperança que alguém lendo seu livro, artigo, ou mesmo um post em um blog pouco acessado, como este, se tornará possuidor daquele conhecimento. O que aprendi neste meus anos de estudo é que além de inteligência é necessário muita bunda pra se conseguir aprender física. 



A disciplina que eu lecionava para alunos de engenharia, química e matemática da UFRGS, Eletromagnetismo, é um curso de 6 créditos, isto é, eu dava a cada turma 3 aulas de 1:40h por semana durante um semestre inteiro e os alunos ainda tinham muitos exercícios para fazerem em casa, além dos relatórios sobre as aulas de laboratório, e mesmo com todo este tempo despendido  para a cadeira o índice de aprovação girava em torno dos 60%. Não se esqueçam que estamos falando dos melhores alunos de engenharia que se pode ter. Disserto a cerca desta experiência para justificar o fato de que mesmo tendo interesses em física aprender sobre uma disciplina de física clássica é capaz de reprovar 40% de excelentes alunos. Como um livro que gasta meia dúzia de páginas, sem apresentar uma única equação, poderia ter a pretensão de ensinar física?

Não quero, em hipótese alguma, fazer apologias ao descaso com a física ao se fazer divulgação, apenas salientar que muitas vezes um cuidado exagerado com a linguagem científica podem fazer com que eles percam a sua função.  A função da divulgação deve ser sempre informar, instigar, desmistificar e tornar a ciência algo mais popular e não o bicho de sete cabeças, que muitos pensam.  

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Um comentário:

  1. acho que a linguagem científica é importante para cientistas... nao se deve banalizar.

    mas acho importantíssimo trabalhos de extensão voltados para divulgação científica!

    parabéns pelo post!

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