"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

5.11.13

Disputa perdida

Fico espantada quando uma pessoa me diz que só poderá ser feliz se eu for feliz e quando lhe digo que estou feliz, ela me chama de perdida e é incapaz de reconhecer a paz que a auto aceitação me traz.

Ai eu pergunto:  - Mas o que é ser feliz pra ti? E qual é a resposta que eu recebo? Um vazio, um imenso vazio. E essa pessoa se acha no direito de julgar a minha paz? A minha auto aceitação? A minha felicidade? Me diz que eu devo ser uma pessoa melhor, e eu de novo a questiono: - Melhor em quê? - Ah tu sabe, é o que ele me responde, não eu não sei o que é melhor pra ti, e não tenho como saber o que tu espera de mim, a não ser que tu me diga, que tu diga a ti mesmo o que espera de mim, o que espera de ti.

Eu lhe digo, tu não me ama, tu ama um modelo pré estabelecido de filha que tu criou, tu não me aceita, tu não aceita minhas qualidades, e nem  meus defeitos. E a única coisa que eu não gosto em ti é isso:  é tentar me enquadrar num modelo mental de comportamento que tu criou, onde questionar tua autoridade é a pior ofensa que uma pessoa pode fazer.

E eu simplesmente me nego a obedecer ordens sem entender seus fundamentos. Preciso ser convencida da finalidade de ordens. Eu questiono, quero entender, consigo obedecer sem concordar, mas preciso dos teus argumentos ,teus fatos, teus dados. Não aceito ordens sem fundamento. Não aceito porque sim, nunca aceitei. E se o único argumento que tens é o respeito que te devo como filha isso é apelar pro lado sentimental. É golpe baixo! É duvidar da minha capacidade de compreensão e da minha inteligência, é me subestimar.


Sei que estou exigindo de ti uma compreensão de coisas que talvez tu nunca tenha parado pra pensar. Uma vez tu me disse que assiste novela, e televisão e nunca achou nenhum personagem parecido comigo, e talvez a resposta seja essa mesma, porque não há. Porque eu sou eu, penso com minha própria cabeça, e penso, penso e penso. Só te peço que aceite que eu penso a respeito de tudo, que eu sempre terei opinião sobre tudo, que sou assim mesmo, uma chata que não consegue parar de pensar na melhor maneira de fazer as coisas, que precisa entender a si mesmo pra conseguir ter motivos pra levantar da cama. Que precisa saber qual o destino da viajem para conseguir pegar a estrada, mesmo que o destino venha a mudar, ele precisa estar traçado, não sei entrar no carro e simplesmente vagar, como tu fazes e por vezes descobre estradas tão belas, destinos inesperados, é isso consigo te entender, consigo ver beleza na tua maneira de conduzir as coisas, de ser, mas pedir pra eu dirigir da tua maneira é me mutilar, assim como pedir pra que tu dirija da minha é te mutilar. Não vejo solução pra esse nosso embate, pois nem um embate deveria ser. Se tu não me visse como uma inimiga, mas apenas como uma aliada, se tu não visse tudo como uma disputa de quem é que manda, de quem tem razão, de quem é o melhor e ouvisse o que eu penso sem esse peso. Porque não verdade não existe só o certo e o errado, não há apenas dois caminhos há vários,vários caminhos.

Eu preferiria viver no mesmo caminho que o teu, levar adiante o que tu construíste com tanto amor, empenho e dedicação, mesmo nunca sabendo ao certo o que estavas construindo. Mas tu me pede pra pegar a direção, nós dois aceitamos isso, mas quando eu simplesmente ajusto o retrovisor pra pegar a estrada, tu já me diz que está tudo errado, que sou incapaz de guiar, me julgas tanto sem nem ao menos ter me deixado tentar. Confesso minha incapacidade de te fazer entender que a única coisa que eu quero é que tudo fique em paz. Que tu seja feliz, e que aceite que a meu jeito de ser é muito diferente do teu, que a minha maneira de conduzir as coisas será diferente, nem melhor, nem pior, apenas diferente.

Pai fazer desses nossos desentendimentos disputas faz de nós dois derrotados. Essa guerra nunca terá vencedores, mesmo que eu me resigne e te obedeça, tu sairás ganhando? Ou perdendo?

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