"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

6.8.12

Liberdade, Expectativa e Realização

O que é afinal essa liberdade que eu tanto procuro? Quero eu mandar o mundo se catar? Não, não acho que seja essa a liberdade que procuro, eu me importo com o mundo.  Me importo com os sentimentos alheios. Quero a liberdade da auto-suficiência? Não, definitivamente não é essa a liberdade que almejo, já fui por esse caminho e não me realizou, sei que preciso das pessoas na construção da minha felicidade.



Acho que a minha liberdade está em simplesmente ser aceita por quem sou, por aqueles amo. Parece tão simples, mas é tão difícil ao mesmo tempo, principalmente quando quem mais se ama não faz a mínima ideia de quem eu sou, do que gosto, ou do que me realiza? E quando as pessoas que amo tentam enquadrar-me dentro de um molde pré-concebido de perfeição? Como lido com essa não aceitação? Como faço eu pra viver a minha liberdade? Tento me enquadrar, e me mutilo? Não me enquadro, e vivo em eterna briga? Mas e até que ponto fazer com os outros me aceitem, não é mutilá-los? Não sei como conseguirei equilibrar as expectativas, minhas e daqueles que amo. Acho que a verdadeira libertação que estou em busca é libertar-me dessas expectativas.

E um problema tão pequeno, tão familiar pode ser expandido para a intolerância religiosa, eis que mais uma vez um americano mata muçulmanos por não aceitar suas diferenças. Até quando as pessoas relutarão em aceitar que cada pessoa tem sua verdade, sua realidade, e que não é preciso entender os motivos, compactuar com as crenças, para simplesmente aceitar que diferenças existem. E pra se viver em harmonia não é necessário que todos pensem iguais, mas é aceitar exatamente as diferenças. Qualquer forma de radicalismo é cego.

Me lembro agora das olimpíadas, os brasileiros que voltaram pra casa com o ouro, foram aqueles aos quais não criamos expectativas, aqueles que não tinham a responsabilidade de trazer um ouro olímpico para o brasil. A vida, e as conquistas se tornam muito pesadas quando colocamos expectativas em nossos objetivos, quando exigimos de nós mesmos a perfeição, e não aceitamos nada menos, e a imagem do Cielo me vem a mente. Ele com três medalhas olímpicas se sente um perdedor, chora e pede desculpas por ter decepcionado uma nação, uma família, mas acho que o único que realmente ficou decepcionado foi o próprio Cielo, pois sabia de seu potencial e não conseguiu confirmá-lo. Não conseguiu? Acho que sim, conseguiu sim, muitas vezes na vida, não é só de nossas habilidades que as conquistas são feitas, mas um pouco de sorte e da ajuda dos outros também. O Cielo fez o melhor que pode, os Francês deu seu melhor, e nesse dia saiu campeão.



Freud já dizia: "poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons". Existe um caminho onde não colamos expectativas em nossos objetivos, aonde não esperemos de nós aquilo que queremos de nós? É possível se realizar naquilo que almejamos sem colocar expectativas nisso? Tornar o percurso mais leve e ficar mais feliz com o resultado, mesmo que seja um bronze? O que é muito melhor do que nenhuma medalha no peito. Se eu descobrir a formula eu volto pra contar!

É preciso aprender a voar com os pés bem presos ao chão!

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