"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

15.4.13

Bóson de Higgs

Quando me deparei com a notícia de que o Bóson de Higgs, provavelmente, foi identificado, não consegui parar de pensar na frase que ouvi do meu orientador: "Não me surpreende o fato de encontrarmos exatamente os resultados que estávamos procurando". Isto é, nossos equipamentos e previsões são baseados nas mesmas teorias, logo obter resultados que a comprovem é assim tão surpreendente?
Um dos pontos que eu acho mais importantes da mecânica quântica é o papel que o observador exerce sobre o resultado final do experimento. O simples fato de existir um observador "olhando" para o experimento modifica o resultado. O que sempre me questiona: o mundo que vivemos é assim por que estamos olhando pra ele?
Em meu entendimento é exatamente isso. O observador não pode ser isolado do sistema, ele faz parte dele. Lógico em grande escala isso é irrelevante, mas cada vez que diminuímos a escala, ou olhamos com uma lente de aumento, o nosso papel não pode ser mais ignorado.
Qual é a real importância dessa "provável" descoberta? É o que eu estou tentando descobrir também.

Post escrito em 18/12/12, estava nos meus rascunhos.

12.4.13

Roots

Tu é muito "roots" me diz um amigo ao saber que fui assistir ao jogo grêmio x fluminense, pela taça libertadores da América, sozinha e peguei o metrô, sozinha, para ir e para voltar ao estádio. Fiquei pensando, será que sou realmente "roots", ou "louca" qual a Flavinha me definiu, ao saber do mesmo fato?
Não vivemos numa sociedade onde homens e mulheres tem direitos iguais? Se um homem fosse sozinho ao estádio eles teriam a mesma reação? Eu sinceramente acho que não.

O fato é que cheguei num ponto que não deixo de fazer nada do que tenho vontade por falta de parceria. Não estou disposta a perder nada dessa vida efêmera por medo de fazê-lo sozinha. Ir ao estádio sozinha nunca foi um problema, mas desta vez decidi não ir de carro, mas ir de metrô, pedi a minha irmã que me desse uma carona até a estação e lá fui eu, confesso que fiquei tensa, mas ao entrar no vagão dei de cara com dois conhecidos, e já me tranquilizei, ufa, pensei, a ida será tranquila.

Após uns 40 minutos de viagem, enfim chegamos a estação Anchieta, desci e junto com centenas de outros gremistas caminhamos cerca de 1,5 Km até a Grêmio Arena, tudo muito tranquilo, policiado, e repleto de vendedores ambulantes. Entrei no estádio, encontrei minhas amigas do núcleo das mulheres gremistas, que assim como eu, adoram ir ao estádio sozinhas, gritam, xingam o juiz e o técnico, e só falam palavram para desopilar e no estádio!

Ao final do jogo, me despeso das meninas, uma de 70 e outra de 50,  Dione, a "tia" e  Sandra, rapidamente me dirijo as escadarias da arena, e me surpreendo com a velocidade com que o estádio é esvaziado, e sem atropelos, sem pontos de aglomeração, tudo livre para facilitar a evacuação rápida do estádio, caminho no sentido da estação Anchieta, agora não com centenas, mas com milhares de torcedores, e o caminho de volta é ainda mais seguro e policiado. Chego a estação passo meu bilhete e entro no vagão, a esta altura semi lotado. De fato, 90% do vagão é composta com pessoas do gênero masculino.

Em nenhum momento fui desrespeitada, apenas senti sim alguns olhares curiosos, com pontos de interrogação do tipo: "Ué, mas ela está sozinha?" E nada além disso, desembarquei na estação Santo Afonso a 1:08 da madrugada, desci as escadas rolantes e procurei o primeiro táxi livre, embarquei e cerca de 15 minutos depois cheguei em casa, confesso que muito feliz. Não com o resultado do jogo, empate em 0 x 0, mas com a percepção de que eu vivo numa sociedade livre, que me permite ser um ser humano do sexo feminino e ter os mesmos direitos de ir e vir de qualquer cidadão. E vivenciar que  muito do machismo ainda existente é simplesmente sensação.

E eu não sou louca, talvez "roots" por ter a coragem de experimentar, de colocar a prova o sistema, de correr os riscos. Medo? Tive medo? Confesso que sim, mas o medo que tive, acredito que teria mesmo se fosse homem, o medo da insegurança, de ser assaltada, não por ser mulher, mas por ser cidadã, por ser humana, não por ser mulher.

Sarah Menezes, de azul, ao vencer a luta, que lhe dei a medalha de ouro olímpica em 2012.

1.4.13

Cansei do imperativo

Dá pra mudar a convenção da língua portuguesa e excluir uma conjugação verbal pra sempre?
Porque eu estou cansada do imperativo. Estou farta de tanto ler: seja isso, seja aquilo, faça isso, estude mais, fale menos, ouça mais, seja mais paciente, emagreça, não beba.
A vida é curta, e o tempo encolhe a cada verbo conjugado no imperativo que eu leio, ou escuto. 

Ser é uma questão de princípio;
Fazer só depende da força de vontade;
Estudar é pra que tem vocação;
Falar é uma arte absurdamente necessária;
Ouvir com sabedoria é raro hoje em dia, e um dom, sua exigência descaracteriza o fato.
Ser paciente é questão de tempo...
Emagrecer imposição desleal e cruel; 
Beber com moderação;

Refletir antes de agir conforme a mídia e sociedade te imperam pode ser um caminho, pra fugir desse dedo apontado na cara. Pensar é a maior arma que temos para sobreviver sadios, nesta sociedade impositora e doente. 

Boa semana, que amanhã minha paciência me permita ser mais pondera, menos irritada, e mais serena!

Segunda-Feira

Eu costumava adorar as segundas-feiras, sempre tive problemas com as sextas... Sempre associei as segundas aos recomeços. E como amo, amava, recomeçar as segunda eram sempre magnificas. Época de planejar, de vislumbrar uma semana melhor que a anterior, via a evolução a minha frente.

Nos últimos tempos as segundas estão mornas, sem graça, acho que estou ficando sem perspectivas de curto prazo. Meus planos de longo prazo estão encaminhados, lentamente estão acontecendo. Mas estou sem objetivos curtos, ou estou particularmente sem paciência nesta segunda-feira, primeiro de abril.