"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

28.9.12

Terapia

Eu te desejo paz ele me disse ao se despedir, eu respondi:
- Mas será que eu quero a paz?
- A paz é importante, ele me responde e se afasta de mim.

A paz é importante, a paz é importante, o que será que ele quis me dizer? E uma tormenta vesse pela janela. E uma tormenta toma conta dela. Seus pensamentos confusos ora a fazem se sentir pertencente aquela época, aquele tempo, ora a transportam para muito além, para o futuro. Para um futuro em que ela não deva nada a ninguém. E possa ser, simplesmente ser.

Mas eu  quero a inquietude, eu quero a dúvida pensa ela. Como pode ele ter-me desejado paz? Que paz? Que paz que ele quer que eu busque? E ela  confia nele. Sente-se melhor toda a vez que o vê. Sabe que a cada palavra sua, há uma segunda intenção.E como ela se sente bem decifrando segundas intenções, podem ler além do que foi dito. Ele tem o dom de reconfortá-la. De mostrar-lhe quem é, sem regar-lhe expectativas. Como ele consegue isso?

Serão 21 dias sem sua presença, 21 dias. E nestes 21 dias 30 anos se completarão. Uma reunião importante acontecerá. E como eu me comportarei, nestes 21 dias,  longe da paz que seu compreender me proporciona?

Que estas palavras que escrevo aqui possam dar-me um pouquinho da paz que encontro lá. Pois escrevendo aqui um pouco de paz eu encontro. E talvez essa seja a paz que ele me deseja, a paz de compreender-me. E talvez um dia eu possa não precisar mais dele para encontrar a paz que ele me deseja, e que eu, mesmo sem saber, necessito tanto! Mas que essa paz venha acompanhada de um desassossego!

24.9.12

Loucura....

Esses dias estava assistindo ao saia justa, do GNT, o assunto era terapia, o Leo Jaime proferiu uma frase que até agora, reverbera entre meus ouvidos: "Nunca tive medo da morte, e sim da loucura."
Eu também nunca tive medo da morte, sempre gostei da ideia de não sermos infinitos, gosto de saber que um dia eu vou acabar, serei eu concluída. Sempre a tive, a morte, como fazendo parte da vida, talvez por isso nunca tenha poupado vida. Mas e da loucura, tenho medo eu?

Afinal o que é loucura? Quem é louco é porque não é normal? Mas o que é ser normal? Vocês sabem que eu não gosto de definições, estou sempre fugindo de visões fatalistas, e por conseguinte odeio o conceito de norma. A simples ideia de norma engessa tudo, não abre espaço para as pessoas diferentes, que tenham visões diferentes, valores distintos. Pensando bem eu não tenho medo da loucura, pois nesse mundo de pessoas ideais eu sou insana. E quer saber mais, eu amo ser diferente, pensar diferente, agir diferente, mesmo que o preço que eu por vezes pague é carregar comigo o estigma de louca!

Sim eu sou louca e com muito orgulho. Se um dia eu for normal por favor me internem pois perdi meu juízo!



E você aonde se encaixa?

Quem sente-se feliz neste mundo, é ingênuo, hipócrita ou melhor completamente sem escrúpulos!

17.9.12

O que fazer?

Gosta de mim! Fato!
Me deixa voar? Não!
O que fiz é belo? Não é horrível!
Como gostas de mim então?
Deixa-me ir embora? Não necessito que estejas feliz perto de mim!

Se não me deixares voar, nunca ficarei feliz! Não faz mal, prefiro-te perto a feliz!
Isso é amor? Claro, não há amor maior!
Pra mim isso é amor próprio! Que seja!

Porque te sentes tão ameaço por mim?
Não quero te ameçar
Quero ser o melhor de mim
Me deixa ser

Sinto-me como um papagaio com assas cortadas
Sinto-me como passarinho engaiolado
Sinto-me triste, por meu ser te machucar
O que fazer? Para ser e te preservar?

O que fazer? O que fazer?
Se não me liberta
E não me aceita como sou..
Me queres só aos pedaços
E aos pedaços não sei ser...
 
O que fazer? O que fazer?

14.9.12

LO QUE ME GUSTA DE TU CUERPO…


LO QUE ME GUSTA DE TU CUERPO…

Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo.

Lo que me gusta de tu sexo es la boca.

Lo que me gusta de tu boca es la lengua.
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.

Julio Cortázar

12.9.12

Eco-bags

Ouvi uma frase, a pouco, que me causou estranheza e repulsa. Em mais um evento, nesta cidade média do Brasil, que cresce mais que fungo em prato sujo deixado na pia, ouço uma senhora da mais alta sociedade local proclamar, no auge de seus 80 esplendorosos anos de vida, ao tentar convencer alguém a parar de fumar, sobre uma funcionária que houvera em outra época trabalhando pra ela, de que enquanto a tal funcionária lhe servia, com seu trabalho, ela servia a funcionário com o SEU dinheiro. E declamou a frase com tamanha solidariedade e soberba, que ao mesmo tempo me causou estranheza e repulsa. Vamos descrever melhor meus sentimentos.
Fico cada dia mais impressionada com a capacidade que as pessoas tem de convencerem-se, com pequenos, pequeníssimos gestos, de que estão fazendo a sua parte para o bem da humanidade. Como por exemplo o uso das tão aclamadas e polêmicas eco-bags. Bom se você, leitor, desavisado não sabe o que são, pois vou lhes explicar, as eco-bags surgiram como uma alternativa ao uso de sacolas plásticas de supermercados, essas sacolas são produzidas de um material mais resistente, que as torne retornáveis, ou de um material biodegradável, para que não poluam tanto quanto uma sacola de polietileno, grande vilão da era dos frascos não-retornáveis. Essa  proposta é nova? É inovadora? É óbvio que não! Você já pensou como as pessoas iam no mercado antigamente? Quando não existiam os polímeros? Quando as embalagens eram retornáveis? Sim existiu e não faz tanto tempo assim, uma época em que era preciso levar a sua garrafa de vidro ao mercado para levar o seu leite pra casa. A sua sacola de palha, ou o seu carrinho de feira para levar as compras embora. Ah tá, agora tu tá me dizendo que as pessoas tinham que levar os seus recipientes de casa pra poder sair com os produtos do boteco? Sim, é isso que estou dizendo, e mais ainda, que esse tempo está voltando. Porque não é simplesmente substituindo as tão culpadas sacolas plásticas pelas novíssimas eco-bags que iremos acabar com o problema da quantidade excessiva de plástico, polímeros, polietilenos, poliestirenos, que o nosso estilo de vida, descartável, está gerando. Será preciso uma ruptura muito maior, e mais substancial com toda a cadeia produtiva, para que alguma mudança significativa seja percebida na quantidade de lixo que geramos. Não é indo ao mercado com nossas eco-bags, e nos seus interiores contiverem garrafas pet, potes de margarina descartáveis, sacos plásticos separando cada um dos hortifrutigranjeiros que decidamos levar pra casa, que oportunizará essa mudança para um estilo de vida sustentável. As empresas, as grandes corporações  vendem essa ideia, e a sociedade compra, e exibe orgulhosa sua eco-bag customizada nos mercados da cidade, como forma de enaltecer seu espirito solidário, como forma de sua adequação à sustentabilidade, à modernidade. E não se questiona, aceita novamente calada a imposição de um novo costume, da palavra da moda. E não percebe que essa é uma resposta pronta, direcionada, que as permite continuar devastando e produzindo ainda mais lixo, isentas de culpa, porque afinal elas avisaram, até te convenceram que plásticos eram ruim, porque você sabia, e optou por trocar as suas sacolas, mas não as embalagens.


O que também me causa espanto é como as pessoas tem a capacidade de se apropriar, e se sentirem confortáveis com coisas tão fugazes e insubstanciais, por que afinal de contas o que é o dinheiro? Além de algo fugaz e insubstancial? O que faz, no nosso tempo, alguém merecedora de ter mais ou menos dinheiro? Estou vendo o meu leitor se contorcer na cadeira ao ler minha frase, mas ela traduz exatamente o que eu penso. Por que eu mereço ter mais dinheiro do que o caixa do supermercado, que me vendeu a eco-bag, que trabalha de 8 à 10 horas diárias? O que me faz ter mais poder de compra? O que é herança? Você já se perguntou o que é o dinheiro? Bom, eu já e nenhuma resposta me convenceu que eu sou mais merecedora de tê-lo do que qualquer outro habitante deste planeta. O que faz alguém pensar que pode trocar serviços por dinheiro? Não se troca serviços por dinheiro. Se troca por serviços por comida, por moradia, por outros serviços, o dinheiro é só o intermediador do negócio. Mas e aí, alguém pode me responder aonde foi que ele adquiriu esse status de Deus? 



Não me surpreende mais essa sociedade viver tanto de aparência, o dinheiro é também um "ent" (ser) criado para parecer. Para parecer comida, parecer educação, parecer saúde, parecer moradia, parecer... Não me surpreende mais as pessoas se tornarem cada vez mais descartáveis umas as outras se vivemos numa sociedade que descarta tudo inclusive a si mesmo. 
Me choco a cada dia mais por me tornar mais lúcida em um mundo de cegos. Não me choco tanto pelos problemas, mas pela cegueira alheia. Torço para que a cada manhã mais pessoas recuperem suas visões e se tornem conscientes de que fazem parte da sociedade e se responsabilizem por ela. Nós somos parte do problema e somos também parte da solução. Acorde você também!!!

Atualização: 
Acho que as pessoas começaram a acordar vejam a agradável surpresa que assisti hoje: http://www.facebook.com/quemseimportaofilme?sk=app_190322544333196

7.9.12

Independência?

Não me lembro agora se foi em um filme, não foi no livro: comer, rezar e amar, da Elizabeth Gilbert, as pessoas escolhiam uma palavra para se retratarem, escolhiam a palavra que mais se adequava a elas. Acho que a minha palavra é aprender. A minha vida só tem sentido pelo aprendizado. Pela capacidade que temos de continuar evoluindo. De manter a mente e a alma abertas para o mundo, para as pessoas, os animais, a sociedade. Aprender para evoluir, para me tornar alguém melhor, para minha família, meus amigos, para a sociedade. Aprender para poder me entender melhor. Aprender para poder ensinar, por que não?


Tenho refletido muito sobre o papel que o governo exerce sobre nossas vidas atualmente. Sobre o assistencialismo que nós exigimos dos nossos governos. Por que o governo precisa administrar a vida das pessoas? Por que precisa re responsabilizar por ela? Elas são deficientes mentais, que não são capazes de olhar além do imediato? Porque precisamos pagar tantos impostos para os governos administrarem nossa saúde, nossa aposentadoria, nosso dinheiro? 




Cada dia mais acredito que o estado deveria ser mínimo. Cada indivíduo deveria se responsabilizar pela maneira que planeja sua vida. A sociedade de consumo que vivemos hoje em dia emburrece as pessoas. Ninguém mais se planeja para fazer nada. Porque se tem tudo sempre a seu alcance a hora que precisar.  Essa é uma péssima contribuição que herdamos da nossa sociedade atual, a falta de planejamento. O imediatismo. E isso é um problema global. E os cidadãos não percebem o preço que pagam para terem seus mercados, shoppings, restaurantes, lavanderias, salões de beleza, academias, etc, abertos 24h. Pagam com a falta de planejamento. 

Sinceramente não entendo porque algumas pessoas precisam trabalhar tanto para manter essa sociedade de consumo, cada vez mais exigente porque detém o poder de compra, em benefício de uma classe tão pequena, inescrupulosa e egoísta. Vivemos nós hoje tão diferentes dos sistemas feudais? Claro que as condições de saúde melhoraram muito, o acesso a informação, leis e tudo mais. Mas não se enganem ainda vivemos em regime de escravidão, somos iludidos com migalhas para não nos rebelarmos. 



A verdadeira revolução só é possível se um verdadeiro sistema educacional for implantado. É preciso ensinar a população a pensar. Não apenas fazer com que vão as escolas para conforma-las com sua condição e torna-los massa de manobra. 

Bom Feriado da independência do Brasil!

3.9.12

Meu mundo particular

Como seria meu mundo particular?

Certamente não se viveria em apartamentos, apartamentos são frios, isolam as pessoas, é necessário por os pés no chão, ah é fundamental se por os pés no chão. No meu mundo apartamentos não existiram. As pessoas seriam todas baianas. "Que as ideias voltem a ser perigosas" acabo de ler essa frase e ela me faz muito sentido, porque ando com um pouco de medo das minhas ideias, elas estão ficando assustadoramente perigosas.

Mas porque diabos as pessoas precisam viver empoleiradas em seus pombais de concreto, se confinando em cidades grandes, perdendo tempo com transito, supermercados? Para terem ao seu alcance "tudo" que precisam? Mas o que de fato elas precisam, elas sabem? Elas são conscientes que vivem em um mundo consumista? Que lhes impõe do que precisam gostar? O que precisam comer, vestir? Que nesse instante precisam comprar um carro novo, que amanhã, para serem felizes precisaram de um apartamento naquela rua específica da cidade. Estas pessoas estão todas cegas? Só eu enxergo isso?




No meu mundo todas os habitantes serão capazes de ver, de enxergar através das intensões. Haverá tristezas? Sim haverá, porque a felicidade só pode ser contemplada se conhecemos a tristeza. Em meu mundo, que não será densamente povoado, ninguém tentará possuir ninguém, Nenhum morador desse lugar especial tentará impor sua vontade ao outro, nem política, muito menos religiosa. Não vislumbro um mundo sem lei, não vejo isso, mas um espaço onde a diversidade seja enaltecida, o antropofagismo seria reinventado, ser diferente será considerado normal, porque não haverá norma.

No meu mundo as pessoas serão capazes de colocar de lado seu ego e sua vaidade em nome da coletividade, em nome do bem estar  dos outros, e não serão considerados cordeirinhos por isso, não serão explorados e nem subjugados. Mas será de entendimento de todos que se a coletividade andar bem todos caminharam melhor.

Tudo bem, eu sei que este meu mundo está um ficando utópico, mas afinal pra que servem as utopias? Para nos conformarmos que elas são inatingíveis?  Não, acho sinceramente que não, as utopias precisam ser desenhadas pra gente saber aonde quer chegar. Neste meu mundo utópico não haverá propagandas, não haverá espaço pra anunciar produtos ou serviços, não se tentará iludir, ou persuadir ninguém a ser o que não é, a valorizar os produtos às pessoas. A propaganda será no boca a boca, as pessoas não precisaram se definir, pertencer a um grupo ou a outro. As pessoas irão agir conforme sua escolha e serão estimuladas a pensarem por si próprias.

Quero, ou melhor idealizo um mundo onde os cidadãos sejam livres, e não precisaram expor essa liberdade a ninguém, não precisaram agredir os outros por aquilo que são, porque serão aceitos pelo que são. Será que alguém trocaria esse mundo atual pelo que estou modelando aqui?

O sistema educacional ensinará as crianças a pensar, a terem ideias próprias a se diferenciarem a se individualizarem. Despertaram o gosto pela leitura, pelos grandes pensadores, cada criança no seu tempo. Serão incentivadas e elas não terão que re-inventar a roda, cada criança será levada a descobrir e aprimorar suas reais capacidades. Os professores serão guias, orientadores e serão bem instruídos para tal. Serão valorizados.

Não vejo uma sociedade socialista, ao contrário o governo não será patriarcal. O governo será mínimo. Cada cidadão desse novo mundo responsabilizar-se-a por seus atos e assumirá suas consequências. Haverá punição? Não sei ao certo como seria a punição de quem descumprisse os termos do acordo para viver neste lugar. É inegável que pessoas de má fé existem em nossa sociedade, me pergunto inclusive se não são a grande maioria. E para que mesmo sendo utópico, meu mundo em algum plano possa existir algum tipo de punição há de conter. Muito me agrada a ideia de exclusão social. Soube que algumas tribos africanas excluem socialmente os membros que cometiam crimes não passiveis de perdão.  

E como seria o seu mundo? 

2.9.12


TEMPO
Viviane Mosé
quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto com uma navalha fina sem raiva nem rancor o tempo riscou meu rosto com calma
(eu parei de lutar contra o tempo ando exercendo instantes acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim
e por falar em sexo quem anda me comendo é o tempo na verdade faz tempo mas eu escondia porque ele me pegava à força e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo se você tem que me comer que seja com o meu consentimentoe me olhando nos olhos…
acho que ganhei o tempo de lá pra cá ele tem sido bom comigo dizem que ando até remoçando