"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." - Charles Bukowski

6.4.11

Viagem sensacional

Aqui estão dois planetários virtuais que eu tive acesso esta semana. Ambos são lindos e nos permitem "brincar" pelo sistema solar, podemos mudar da visão heliocêntrica para a geocêntrica e observar a revolução dos sistemas. Esses planetários me fizeram lembrar um trabalho que fiz na quarta série do primeiro grau sobre sistema solar, na época não tínhamos acesso a internet, os livros eram nossas únicas fontes de informação, pelo menos os livros eram confiáveis. Hoje com a popularização da internet as pessoas escrevem o que querem sem revisão nenhuma e existe uma exorbitante quantidade de conteúdo inútil, ao fazer uma pesquisa simples pela net eu passo mais tempo tentando encontrar uma fonte confiável do que encontrar artigos sobre os temas pesquisados! Clique nas imagens para iniciar a fantástica viagem pelo sistema solar!


Se tivesse que escolher um ficaria com o segundo! Mas ambos tem características distintas, no primeiro pode-se identificar as estrelas, no segundo é possível ver os satélites de Júpiter, o cinturão de asteróides, a via láctea. Explore esses planetários! Se você colocar a Terra como o centro desse sistema você estará vivenciando uma viagem no tempo e irá voltar para a idade média. Fazem apenas 400 que Kepler calculou com precisão a órbita de Mercúrio, mas somente com Newton cerca de 100 anos depois é que estes resultados ganharam força. Há apenas 300 anos podemos afirmar que Sol está no centro do nosso sistema solar, por vezes esquecemos que estamos no meio da maior revolução do pensamento humano, que todo o conhecimento que nos rodeia é fruto de ciência desenvolvida tão recentemente. Que a aplicação desse conhecimento em tecnologia é ainda mais recente.



DICAS,DICAS!!!

  • No astronews você irá encontrar além do mapa do céu, informações sobre quando a Estação espacial internacional irá passar sobre a sua cidade, imagens ao vivo do sol, e ficar por dentro dos eventos astronômicos que estão por vir, além de curiosidades e história do desenvolvimento da astronomia.

  • Este artigo: O universo não foi feito para nós, sobre filosofia da ciência com vídeos do Carl Sagan mexe com nossos valores e a real importância que damos ao subjetivo e ao nosso querido planeta Terra. Não deixe de assistir. Vendo estes vídeos fui obrigada a procurar a série cosmos, já consegui o link e estou baixando, já procurei as legendas em português e as encontrei \o/\o/. Se alguém tiver interesse me pergunte como.



5.4.11

Divulgação científica e o puritanismo de linguagem

Neste blog eu tenho a pretensão de fazer um pouco de divulgação científica, tentando informar e despertar curiosidade sobre temas atuais ou apenas divertidos em ciência e tecnologia. por vezes contar histórias, angustias, impressões e dicas a cerca deste mundo que pode parecer muito distante de nós, porém que nos rodeia tão de perto. Sem o desenvolvimento da ciência neste último século você nem estaria lendo este post no seu computador pessoal.

Nestas últimas semanas passei um bom tempo sozinha, devorei um livro sobre divulgação científica e história da ciência: A Dança do Universo do astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser. O livro é excelente faz um apanhado muito amplo sobre a evolução do pensamento científico, desde a grécia antiga, dos filósofos pré-socrasticos até a visão sobre o modelo de universo aceito atualmente. Por se tratar de um livro de divulgação científica ele não apresenta nenhuma equação em seu texto, e não comete nenhum erro grotesco com a física atual. As primeiras páginas são cansativas e o autor parece um pouco prolixo, mas com a continuidade da leitura ela fica mais interessante e convidativa. Procurando resenhas sobre o livro encontrei dois artigos que fazem uma análise detalhada sobre os "erros" ou "equívocos"  cometidos pelo autor. (física clássica, física moderna) Achei a análise dos artigos impecáveis, e confesso que alguns dos "enganos" passaram desapercebidos por mim. Ler estes artigos me fez repensar qual papel da divulgação científica. Acho que a divulgação não tem a pretensão da formação científica, quando um cientista ou um jornalista científico se propõe a falar sobre ciência não tem a esperança que alguém lendo seu livro, artigo, ou mesmo um post em um blog pouco acessado, como este, se tornará possuidor daquele conhecimento. O que aprendi neste meus anos de estudo é que além de inteligência é necessário muita bunda pra se conseguir aprender física. 



A disciplina que eu lecionava para alunos de engenharia, química e matemática da UFRGS, Eletromagnetismo, é um curso de 6 créditos, isto é, eu dava a cada turma 3 aulas de 1:40h por semana durante um semestre inteiro e os alunos ainda tinham muitos exercícios para fazerem em casa, além dos relatórios sobre as aulas de laboratório, e mesmo com todo este tempo despendido  para a cadeira o índice de aprovação girava em torno dos 60%. Não se esqueçam que estamos falando dos melhores alunos de engenharia que se pode ter. Disserto a cerca desta experiência para justificar o fato de que mesmo tendo interesses em física aprender sobre uma disciplina de física clássica é capaz de reprovar 40% de excelentes alunos. Como um livro que gasta meia dúzia de páginas, sem apresentar uma única equação, poderia ter a pretensão de ensinar física?

Não quero, em hipótese alguma, fazer apologias ao descaso com a física ao se fazer divulgação, apenas salientar que muitas vezes um cuidado exagerado com a linguagem científica podem fazer com que eles percam a sua função.  A função da divulgação deve ser sempre informar, instigar, desmistificar e tornar a ciência algo mais popular e não o bicho de sete cabeças, que muitos pensam.  

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4.4.11

A forma da Terra mudou?


No último dia 31 de março a ESA (agência espacial européia) divulgou os mais recentes resultados da exploração do satélite  GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer) que podem ser vistos na animação abaixo. O que de fato este vídeo nos apresenta é uma visualização do campo gravitacional da Terra. NÃO É UMA REPRESENTAÇÃO DO FORMATO DA TERRA, o que muitos sites, inclusive jornais confiáveis na praça, vem afirmando nos últimos dias. A Terra continua tendo sua forma ovalada como podemos observar na imagem do nosso planeta tirada da lua (foto da NASA, clique no link para obter maiores informações da imagem).




O que o vídeo apresenta é qual a altura em relação ao centro da Terra em que a aceleração da gravidade é constante, isto é, possui o mesmo valor numérico. Você deve estar se perguntando mas a aceleração da gravidade não é uma constante? Sei que no colégio você aprendeu que g valia 9,81 m/s2  e muitas vezes você aproximava para 10 m/s, lembrou? Pois é, na verdade ela não é uma constante, apenas a consideramos assim para facilitar nossa compreensão e ajudar a resolver problemas simples. 



O que este satélite fez foi justamente mapear qual a aceleração da gravidade, e portanto o campo gravitacional, da Terra em todos os pontos do globo com uma precisão incomparável. Mapeando o geóide da Terra, muito cuidado com essa palavrinha simples, o que ela significa é exatamente é: Forma teórica da Terra em que se assume a continuidade da superfície oceânica através dos continentes e de tal maneira que em qualquer ponto dela se tem a linha vertical de prumo, gravitacional, como perpendicular dessa superfície. (fonte) Geóide é o nome que se dá ao equipotencial gravitacional da Terra, e não tem relação alguma com a forma física, real, da Terra. (Falar em aceleração da gravidade só faz sentido se o corpo está sob influência de uma força resultante e esta seja a gravitacional, no entanto o campo gravitacional existe independente da existência de uma aceleração. Por exemplo seu peso pode ser calculado como P = m.g, no entanto você está em equilibrio, e não está sendo acelerado, g neste caso é o módulo do campo gravitacional da Terra.)

E porque é necessário conhecer esse geóide a tal ponto dele ter um nome exclusivo? Determinar o campo gravitacional da Terra é de suma importância para fazermos previsões sobre mudanças nos níveis das marés, sobre medidas de circulação das correntes d'água os oceanos, sobre a dinâmica do gelo, fatores que influenciam diretamente o clima global. 
Entender o comportamento do campo gravitacional da Terra poderá ajudar a compreender o que se passa no interior do nosso planeta, pois ele é uma demonstração das anomalias de densidade da Terra, sem contar que  poderá ser útil na previsão de terremotos, uma vez que a ocorrência de um terremoto deixa uma assinatura no campo gravitacional. 

Procurando maiores informações sobre o satélite GOCE encontrei este site que possui uma lista dos satélites em órbita, futuros satélites a serem lançados e satélites que já estão desativados. Além da listagem é possível obter informações sobre as missões, propósito, duração, tempo de atividade do satélite, quais os instrumentos de análise que estão a bordo da nave, entre outras informações vale a pena conferir.